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sábado, 2 de junho de 2012

Divulgada a sinopse da Pérola Negra para o Carnaval 2013.


A Pérola Negre divulgou oficialmente a sinopse do enredo para o Carnaval 2013 - "O espetáculo vai começar, Pérola Negra apresenta: O Auto da Compadecida". 

A escola da Vila Madalena tentará voltar ao Grupo Especial exaltando a obra de Ariano Suassuna, com assinatura de Andre Machado. 

Confira a sinopse da escola:

INTRODUÇÃO:

De Ariano Suassuna, o Auto da Compadecida é uma história altamente moral que narra a intimidade com Deus e a simplicidade da relação dele com os homens, e mais, é um apelo a misericórdia divina. Uma narrativa que retrata os pecados da carne sem pudores, de forma alegre e descontraída, lembrando que todos nós estamos sujeitos as maledicências carnais, pois somos seres humanos, logo, pecadores. E que não existe alma puramente virtuosa, nascemos para conhecer, errar e aprender se possível com os erros.

A justiça comum, infelizmente praticada pela racionalidade, sufocada por formalismos burocráticos e complicações que dão margem à deformação de seus verdadeiros objetivos, não têm nenhum crédito aos olhos do povo, que procura a emoção irresistível de sentir o Cristo do seu lado.

O sertão sofrido do nordeste castigado pela natureza é o cenário ideal para o desenvolvimento das personagens que praticam atos vergonhosos por medo da fome, do sofrimento, da morte e da solidão. A simplicidade e o tom ingênuo característico deste ambiente são fundamentais para a narrativa que ainda é reforçada pela originalidade da linguagem do circo, onde a caricatura esta presente de forma marcante e intuitiva. E é neste universo circense que acontecerá o julgamento das personagens e também a intervenção da 

Compadecida no momento propício, para triunfo da misericórdia, inclusive para aqueles que terminam por fazer o que não presta, não por maldade, mas por sua pobre e triste condição.

Após o toque do clarim o palhaço anuncia que vai começar o grande espetáculo. O AUTO DA COMPADECIDA!
Num cenário nordestino
Onde a seca e a fome fizeram morada,
Existe apenas a fé em nossa Senhora
Ou cada um por si e Deus por nada.
Na verdade é justificado
As fraquezas da humanidade
Engana-se por medo, medo da fome,
Da falta de oportunidade
O homem simples do sertão
Se torna vilão, mas isso,
Isso não é nenhuma maldade

João Grilo é um personagem lendário da literatura do nordeste. E aqui aparece formando uma dupla pra lá de esperta com seu amigo Chicó na cidade de Taperoá. Juntos convencem um padre, um sacristão e um bispo, a fazerem o enterro em latim do cachorro dos seus patrões, pois estariam todos incluídos no testamento do cão. Antes do enterro do defunto, lhe tiraram a bexiga enchendo-a com sangue de galinha, e Chicó, a esconde no bolso da camisa... 

Ofereceram também à mulher adultera do padeiro avarento, um gato que “descome” dinheiro.

Taperoá é invadida por cangaceiros liderados por Severino do Aracaju que entra na igreja para roubar e executar as suas vítimas. E assim o fez...

João Grilo alega possui uma gaita “mágica” que cura ferimento de bala e gostaria de presentear o carcará. Com ela, Severino poderia morrer, conhecer 

Padre Cícero e depois voltar. O cangaceiro duvida. É quando João enfia um punhal em Chicó perfurando astutamente apenas a bexiga que continha o tal sangue de galinha, o sangue escorre e Chicó cai a se estrebuchar até “morrer”. Em seguida João toca a gaita e o suposto defunto começa a mexer e logo esta de pé.

Estarrecido e ansioso por conhecer Padre Cícero, no qual é devoto, o ingênuo Severino pede a um de seus cabras para tirá-lhe a vida e em seguida tocar gaita. Assim é feito, mas ele não revive. Então, João e Chicó esfaqueiam o cangaceiro atirador. No entanto ao soltá-lo, o sujeito ainda encontra forças e atira em João que também morre.

O AUTO DA COMPADECIDA!

Chegou à hora do julgamento de alguns canalhas, para exercício da moralidade!

No julgamento o Encourado faz as acusações, pronto para carregar para o inferno os pecadores.

Num estante, levados por uma força irresistível, todos vão se ajoelhando vagarosamente e o Encourado se afasta virando-se de costas para não ver Cristo.

O Cristo é um negro retinto, com uma bondade simples e digna nos gestos e nos modos, amparado por uma luz suavemente intensa, é Manuel, o Leão de Judá, o filho de Davi, chamado também de Jesus, de Senhor, de Deus... 

Sentado em seu trono divino, ordena que o Encourado fique de frente e faça as acusações. Entusiasmado o próprio diz que nunca teve uma safra tão boa, tão cheias de pecados: um bispo interesseiro, arrogante e apodrecido de sabedoria mundana; um padre que se pode atribuir todos os defeitos do bispo mais a preguiça; um sacristão hipócrita e ladrão de igreja, um padeiro avarento casado com uma mulher adultera; um cangaceiro devoto de Padre Cícero que matou mais de trinta; e por ultimo João, um grilo esperto e mentiroso que matou Severino, além de ter planejado o enterro do cachorro e a história do gato que “descome” dinheiro...Todos estão envolvidos em pecados e maledicências e prontos para queimarem no fogo do inferno, sem apelações, pela justiça do Encourado.

João Grilo, diante as acusações, apela pela misericórdia da mãe da justiça – a Compadecida.

“Valha-me Nossa Senhora
Mãe de deus de Nazaré!
A vaca mansa dá leite,
A braba dá quando quer
A mansa dá sossegada
A braba levanta o pé
Já fui barco, fui navio,
Mas hoje sou escaler.
Já fui menino, fui homem,
Só me falta ser mulher
Valha-me Nossa Senhora
Mãe de Deus de Nazaré.”

E Nossa Senhora aparece cercada de anjos, sob uma luz aconchegante, fazendo com que todos se ajoelhem sem perceber. Triunfante, intercede por todos. Quase tudo o que os homens fazem é por medo. Começam com medo e coitados, terminam por fazer o que não presta, quase sem querer. O bispo foi por medo da morte, o padre por medo do sofrimento, o padeiro da solidão, por isso perdoava a mulher para não ficar só. Já ela, no começo do casamento era maltratada por ele – moça pobre casada com homem rico – além de ter a condição de ser mulher, que hoje em dia, tem que lutar por seus direitos.

“Meu filho, perdoe estas almas,
tenha delas compaixão!
Não se perdoando estas almas, 
Dá-se mais gosto ao cão!
Por isso absolva elas,
Lançai a vossa Benção.”

Manuel comenta que Severino foi instrumento da própria cólera, enlouquecido que a polícia matou sua família e por isso não era responsável por seus atos. 

Logo pode ir pro céu. Já para os demais, estão reservados cinco últimos lugares no purgatório, para que lá, apaguem o muito que fizeram e assegurem a sua salvação.

“Pois minha mãe leve as almas,
Leve em sua proteção,
Diga as outras que recebam,
Façam com elas união,
Fica feito o seu pedido,
Dou a elas a salvação.”

A Compadecida também intervém a favor de João Grilo, dizendo que ele foi um pobre que teve de superar as maiores dificuldades, numa terra seca e miserável. Manuel até compreende as circunstancias em que João viveu, mas os mandamentos existem e foram transgredidos.

Então, a mãe da misericórdia pede que lhe dê outra oportunidade. E assim é feito. Entretanto, João teria que fazer uma pergunta no qual Manuel não pudesse responder.

Lembrando-se da vez, em que o padre lhe ensinava o catecismo e lendo um trecho do evangelho que dizia: ninguém sabe o dia e a hora em que o dia do juízo será, nem o homem, nem os anjos que estão no céu, nem o filho, somente o pai... Então João perguntou a Manuel: Em que dia acontecerá a sua segunda ida ao mundo?

Manuel respondeu não respondendo. Disse que isso é um grande mistério e que não poderia explicar nada agora, porque João iria voltar ao mundo e isso faz parte da intimidade do Filho com o Pai.

Absolvido então, João ajoelha-se aos pés de Nossa Senhora, beijando-lhe a mão. E enquanto ele retorna ao mundo, o Encourado furioso corre para o inferno. Já na Terra, João descobre que Chicó havia feito uma promessa a 
Nossa Senhora para que ela voltasse... É o milagre da fé pura e simples!

A história da Compadecida termina aqui. Para encerrá-la, nada melhor do que o verso com que acaba um dos romances populares em que ela se baseou:

“Meu verso acabou-se agora
Minha história verdadeira,
Toda vez que eu canto ele,
Vem dez mil réis para algibeira
Hoje estou dando por cinco,
Talvez não ache quem queira.”

E se não há quem queira pagar, peço pelo menos uma recompensa que não custa nada e é sempre eficiente: o seu aplauso!

SOBRE A LINHA DO SAMBA

• Inspirado pela obra de Ariano Suassuna, o compositor deve arranjar o samba enredo, tendo a figura do palhaço como o apresentador do espetáculo, pois é ele quem narra a historia e apresenta os personagens.

• Pelo mesmo motivo, o samba enredo tem que ser alegre e debochado, características contidas também nos “repentes” (corrente musical comum da cultura nordestina), que poderá servir de inspiração na estrutura dos versos.

• Cabem na letra do samba, palavras originais do sotaque nordestino.

• É sugestionável que na composição do samba não haja necessidade da inclusão dos nomes das personagens, contudo, seus defeitos e pecados, serão de suma importância.

• A ideia do enredo e seu desenvolvimento induzem que a primeira parte do samba seja como numa apresentação de circo, onde o mestre de cerimônia (no caso o palhaço) anuncia o espetáculo e logo em seguida faz uma introdução do que o publica irá assistir.

• O julgamento, onde o Encourado faz as acusações às personagens, poderá ser utilizado no refrão do meio.

• A aparição da Compadecida poderá seguir na segunda parte do samba e feita de forma triunfal, após João Grilo invocá-la, pois será ela, a advogada dos acusados citados anteriormente.

• Para o ultimo trecho do samba ficará reservado a sentença dos acusados por Manuel.

• No ultimo refrão ou refrão de cabeça, sugerimos como acontece no fim de um espetáculo, onde o artista humildemente agradece a atenção e os aplausos do publico.

Obs.: O que foi sugerido aqui serve apenas para indicar o caminho mais fácil para o entendimento do que será mostrado no desfile. Contudo, continua válida a licença poética do compositor, que tem total liberdade de criação, desde que tenha coerência com a obra.

MONTAGEM DE DESFILE

SETOR I: O espetáculo vai começar

Como no início de um espetáculo circense, o palhaço anuncia o espetáculo e apresenta as personagens.

Abre-alas: Abram-se as cortinas – o espetáculo vai começar!

SETOR II: A morte das personagens
Acontece a morte das personagens e eles fazem a passagem. Começa o julgamento e as acusações feitas pelo encourado aos pecadores, onde são apontados seus defeitos.

Segundo carro: A passagem e a hora do julgamento

SETOR III: A entrada triunfal da Compadecida
Caso sejam condenados, o inferno é o destino certo para os pecadores. Entretanto, a mãe da misericórdia é invocada para intervir a favor das personagens.

Terceiro carro: Portal do inferno e a entrada da Compadecida

SETOR IV: A sentença de Manuel e a festa de enceramento.
Manuel dá o seu veredicto sobre o destino das personagens e acontece o enceramento do espetáculo.

Quarto carro: O triunfo da fé na mãe da misericórdia.

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