A Unidos de Cabral divulgou na tarde de hoje a sinopse do enredo “Devo, não nego… Pago após o carnaval!”, do carnavalesco Victor Angelo. A irreverência do tema faz alusão aos maus pagadores, porém a escola pretende levar alegria e fazer que o assunto seja analisado de um ponto de vista humorístico.
Confira a sinopse:
Devo, não nego… Pago após o carnaval!
Quem nunca pegou o brinquedo do amigo emprestado e não devolveu?
Eu, Cabral, que não sou diferente de ninguém já fiz isso também e vou aqui contar um pouco do que já passei…
Desde novo, sonhava em ser rico. Tudo o que eu sabia fazer era falar “Mãe, me dá?”. Muita riqueza era meu sonho de criança, mas como a realidade não era bem assim aprendi desde pequeno a improvisar.
Como nunca tive, cresci pegando emprestado com quem tinha… E às vezes nem devolvia!
Não de propósito, mas por esquecimento mesmo. Peguei tanta coisa emprestada com outros que nem sei mais o que peguei ao certo… Era roupa de casamento, carro, peruca e chapéu.
Mas na hora que a fome batia severa, a coisa apertava! O jeito era pedir socorro a ‘Seu’ Manuel, o bom e velho português da venda. Mesa farta, vinha o ‘portuga’ atrás cobrando… E no fim das contas, o comilão acabava é filando a boia toda!
Como bom brasileiro que sou, dou meu jeitinho e faço um banquete com ovo, banana e pão duro de dar água na boca.
Se antes não podia ter o que queria, agora posso. É só ir à loja, escolher e sair de lá com o que quero e tem mais: Em até vinte e quatro vezes sem juros para pagar! Tá aí uma coisa boa, esses carnês que me deixam pagar tudo a perder de vista.
Pena nem tudo aceitar o tal carnê, mas sempre dou meu jeitinho: Cartão de crédito! Com esse sim, eu compro é tudo.
Comprei tanta coisa, que acabei colocando o chapéu onde a mão não alcança. Sujou, meu nome foi parar na praça! Essa sopa de letrinhas do SPC/SERASA me tira o sossego.
Não vou negar uma coisa a vocês não. Me pelo de medo de um bicho… É um bicho grande, peludo que ele só, com dentes e garras afiadas. É o leão, o leão do Imposto de Renda. Vish!
Mas me pelo de medo desse bicho vir e abocanhar o meu bolso. Pra esse daí, eu faço questão de não dever um centavo que seja.
Mas pago assim que a coisa aliviar… É tanta conta atrasada que a corda fica no pescoço e aperta a alma.
Mas não me deixo abalar, faço uma fezinha e aposto nos bolões da vida. Nesses jogos de sorte, eu busco a minha sorte. Quem sabe um dia com a ajuda dos céus, não vem minha sorte grande e saio do aluguel?
Só sei que com a ajuda do ‘cara’ lá de cima, hoje posso fazer meu carnaval todo em ouro. Mesmo com a corda no pescoço, não perco a piada, me aperto daqui e dali e pago tudo em dia! Do lixo, sai todo o luxo e a leves prestações com um longo prazo, sei que posso brilhar e encantar a todos que venham me olhar.
Quem sou eu? Já vou lhe dizer: Sou a escola de samba que nasceu lá no meu bairro, em berço de bamba, com orgulho de ser suburbano e hoje em meus 60 anos encanto com meu brilho e simpatia.
Sou a arte que fascina a todos com a graça, a maestria da leveza e malemolência do jeitinho brasileiro de levar as dificuldades dessa vida.
Sou o artesão, que faz das sobras de fantasias de outros carnavais a roupa mais bela para desfilar. Sou quem esculpe e modela o orgulho de ser sambista nas alegorias da minha escola.
Sou o amor que predomina na força e na garra da comunidade que não se abala com um resultado ruim, que não se assusta com um carro quebrado ou uma fantasia rasgada e canta alto na avenida pra espantar os males e mostrar que veio pra defender o seu pavilhão.
Dizem que o ano começa depois do carnaval, e isso é a mais pura verdade. Então assim que a festa de Momo terminar, a dívida será paga e a alma lavada.
Sou Cabral e vou mostrar que em 10 vezes sem juros posso pagar e na avenida brilhar!
Carnavalesco Victor Angelo.
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